A seletividade alimentar no autismo pode ser um desafio diário para famílias e escolas. Neste post, você vai conhecer 10 estratégias práticas, baseadas em evidências, para tornar as refeições mais tranquilas, promover variedade e reduzir o estresse alimentar com empatia e respeito.
Saber como lidar com a seletividade alimentar no autismo é essencial para garantir o bem-estar e a saúde nutricional da criança. Muitos pais, cuidadores e professores enfrentam dificuldades diárias na hora das refeições — desde a recusa de alimentos até crises diante de mudanças na textura ou no prato.
A boa notícia é que há estratégias eficazes, empáticas e baseadas em ciência que podem ser aplicadas tanto em casa quanto na escola. Elas não envolvem forçar a criança a comer, mas sim construir um ambiente seguro, previsível e positivo para o contato gradual com novos alimentos.
10 Dicas práticas para lidar com a seletividade alimentar no autismo
1. Nunca force a criança a comer
Forçar pode piorar a aversão alimentar, gerar trauma e reforçar comportamentos de recusa. Segundo a American Academy of Pediatrics, o foco deve estar na exposição gradual e positiva, não na obrigatoriedade de comer.
2. Crie uma rotina previsível para as refeições
Horários definidos, local tranquilo e sem distrações ajudam a criança a se sentir segura. A previsibilidade reduz a ansiedade, principalmente em autistas com rigidez cognitiva.
3. Use exposição sensorial gradual
Comece permitindo que a criança veja e toque novos alimentos sem a obrigação de provar. A técnica “food chaining” (cadeia alimentar) parte de alimentos já aceitos para introduzir variações de cor, textura ou sabor.
4. Ofereça um alimento novo junto com os preferidos
Misturar o alimento novo em um prato com itens familiares reduz a resistência. Essa prática é apoiada por terapeutas ocupacionais especializados em alimentação.
5. Valorize pequenos progressos
Se a criança cheirou ou tocou o alimento novo, isso já é um avanço. Celebrar essas pequenas conquistas sem pressão estimula o engajamento a longo prazo.
6. Envolva a criança no preparo dos alimentos
Convidar para lavar, cortar (com ajuda) ou montar o prato promove a aceitação. Esse envolvimento sensorial e lúdico reduz a aversão e aumenta a familiaridade.
7. Trabalhe com repertório alimentar em vez de quantidade
Foque em aumentar a variedade ao longo do tempo, não apenas o quanto ela come. Um cardápio diversificado garante melhor nutrição a longo prazo.
8. Evite distrações como telas durante as refeições
Televisão ou celular podem prejudicar a conexão sensorial com a comida. O ideal é promover atenção plena no momento da alimentação.
9. Faça ajustes sensoriais simples
Mudar a forma de preparo (cozido, assado, cru), temperatura ou utensílio pode fazer diferença. Algumas crianças preferem alimentos mais crocantes, outras mais macios. Observe e adapte.
10. Busque apoio de uma equipe multidisciplinar
Se a seletividade for intensa ou houver prejuízos nutricionais, é fundamental contar com o suporte de nutricionista, terapeuta ocupacional e psicólogo. Eles vão construir estratégias personalizadas para o caso da criança.
Conclusão
A seletividade alimentar em crianças autistas exige paciência, empatia e estratégias baseadas em evidências. Pressão e castigo não funcionam — o caminho mais eficaz é o da construção de confiança com avanços graduais. Com o apoio certo, é possível ampliar o repertório alimentar e tornar as refeições momentos mais tranquilos e nutritivos.
Referências Bibliográficas
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