10 formas de lidar com meltdown em lugares públicos e como evitá-los

Foto de Phil Nguyen

Meltdowns são respostas intensas a sobrecargas sensoriais ou emocionais comuns em pessoas autistas. Em locais públicos, esses episódios podem ser desafiadores para quem vivencia e para quem acompanha. Este post apresenta 10 estratégias práticas para lidar com meltdowns em ambientes sociais, além de sugestões para preveni-los com empatia e planejamento.

Para muitas pessoas autistas, lidar com ambientes públicos pode ser uma experiência avassaladora. Sons altos, luzes fortes, excesso de estímulos ou mudanças inesperadas de rotina podem levar a uma sobrecarga sensorial e emocional, resultando em um meltdown — um colapso momentâneo e involuntário do sistema nervoso diante do estresse acumulado.

Diferente de uma birra, o meltdown não tem como objetivo chamar atenção ou manipular. Trata-se de uma reação legítima a um esgotamento interno, que exige compreensão, acolhimento e suporte. Neste post, reunimos 10 formas práticas de lidar com essas situações em locais públicos e dicas para preveni-las sempre que possível.

10 formas práticas de lidar com meltdown em lugares públicos

1. Identifique os gatilhos mais comuns

Antes de sair, observe quais estímulos costumam incomodar — barulho, luzes, multidões — e busque evitá-los. Um simples planejamento pode reduzir muito a chance de uma crise.

2. Use fones abafadores ou com ruído branco

Fones de ouvido são ótimos aliados para bloquear ruídos desconfortáveis. Para algumas pessoas, ouvir músicas familiares ajuda a manter a calma.

3. Tenha uma rota de fuga

Identifique, ao chegar no local, áreas silenciosas ou menos movimentadas para onde possam se dirigir em caso de crise iminente. Pode ser um corredor vazio, banheiro ou até o carro.

4. Leve objetos de conforto

Um brinquedo sensorial, um cobertor macio, uma peça de roupa favorita ou algo com cheiro familiar pode trazer segurança e ajudar a regular as emoções.

5. Use sinais visuais ou cartões de comunicação

Cartões com imagens simples podem facilitar a comunicação e sinalizar que a pessoa precisa de um tempo ou de ajuda, sem exigir o uso da fala.

6. Respeite o tempo da pessoa e use estratégias de apoio apropriadas

Durante o meltdown, é essencial manter a calma. A pessoa está em sofrimento e precisa de segurança, não de cobrança. Algumas formas práticas de ajudar:

Retire a criança do local (se possível) para um ambiente mais silencioso e seguro;

Abaixe-se até o nível dos olhos da criança e diga frases curtas com tom calmo, como “tô aqui”, “vai passar”;

Ofereça contato físico apenas se a criança aceitar — alguns autistas se acalmam com um abraço firme; outros se regulam melhor sem toque;

Cante uma música conhecida ou reproduza sons familiares no celular, caso isso traga conforto;

Evite falar demais — o excesso de linguagem pode piorar a sobrecarga sensorial;

Deixe objetos calmantes à disposição, como brinquedos sensoriais, mordedores ou fones com música tranquila.

O mais importante é respeitar o ritmo da criança e estar ali como suporte, sem pressa e sem exigências.

7. Explique a situação para quem estiver por perto

Se for seguro, uma explicação breve como “meu filho é autista e está com sobrecarga sensorial” pode evitar olhares de julgamento e criar um ambiente mais compreensivo.

8. Evite punições e repreensões; transmita conforto e segurança

Um meltdown não é comportamento desafiador proposital, e sim um colapso emocional causado por excesso de estímulos ou frustração. Em vez de corrigir ou tentar “controlar” a crise, o ideal é demonstrar que a criança está segura e amparada. Veja formas práticas de transmitir isso:

Mantenha a expressão facial neutra ou suave — evite expressar raiva ou frustração;

Fale pouco, mas com carinho, usando frases como: “Você está seguro”, “Vamos respirar juntos” ou “Estou aqui com você”;

Use o toque com cuidado e intenção, como segurar a mão ou encostar no ombro se a criança aceitar esse contato;

Se possível, abaixe a iluminação ou reduza os estímulos ao redor, criando um ambiente mais confortável;

Fique próximo sem invadir o espaço, mostrando presença constante, mas respeitosa.

Esses gestos simples ajudam a criança a se sentir protegida, facilitando sua recuperação emocional após o colapso.

9. Pratique rotinas com antecedência

Reproduzir com a criança, em casa, o que acontecerá em determinado local (como uma fila, por exemplo) pode prepará-la para o que virá.

10. Trabalhe a regulação emocional em casa

Estratégias como respiração profunda, exercícios de propriocepção (como apertar uma bolinha) e treinos de antecipação ajudam a construir maior tolerância aos estímulos ao longo do tempo.

Conclusão

Lidar com meltdowns em ambientes públicos exige paciência, empatia e planejamento. Ao compreender o que está por trás do comportamento, podemos criar estratégias eficazes para apoiar o autista de forma respeitosa e acolhedora. Prevenir é sempre o melhor caminho, mas saber como agir durante a crise pode transformar uma situação difícil em um momento de conexão e aprendizado.

Referências bibliográficas

•Attwood, T. (2014). O que é Síndrome de Asperger? ARTMED.

•Grandin, T., & Panek, R. (2014). O Cérebro Autista. Valentina.

•Organização Mundial da Saúde (OMS). (2023). Transtornos do Neurodesenvolvimento.

•Rede de Informações sobre Autismo (RITA Brasil). Disponível em: https://ritabrasil.org.br/

•Autism Speaks. “Meltdown vs. Tantrum.” Acesso em: https://www.autismspeaks.org

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