8 dicas para manter o autocuidado na vida adulta

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Muitos adultos autistas enfrentam dificuldades com autocuidado, como higiene, alimentação e vestuário. Esse post aborda como essas questões se manifestam, suas causas e estratégias de apoio que promovem autonomia e qualidade de vida. O objetivo é oferecer informações baseadas em evidências para familiares, profissionais e pessoas neurodivergentes.

O autocuidado é um conjunto de atividades essenciais para o bem-estar físico, emocional e social. Para adultos no espectro autista, especialmente aqueles com nível 1 de suporte, tarefas como tomar banho, escolher roupas ou manter uma alimentação adequada podem representar grandes desafios. Esses obstáculos nem sempre estão relacionados à falta de conhecimento, mas sim a fatores como disfunções executivas, sobrecarga sensorial, rigidez cognitiva, dificuldades motoras ou até mesmo aspectos emocionais ligados à motivação e percepção de prioridade. Compreender essas barreiras e oferecer estratégias práticas é fundamental para promover a autonomia e o respeito à singularidade de cada pessoa.

Como as dificuldades de autocuidado se manifestam na vida adulta

Higiene pessoal: dificuldade para manter uma rotina regular de banho, escovação de dentes, cuidados com cabelo, unhas e vestuário limpo. Pode haver sensibilidade a texturas, temperaturas ou odores, o que torna a experiência desconfortável.

Alimentação: seletividade alimentar, esquecimento de horários para comer, dificuldade em planejar ou preparar refeições e baixo interesse por atividades culinárias.

Vestuário: escolher roupas adequadas ao clima ou contexto pode ser desafiador. Sensibilidades sensoriais às texturas ou etiquetas, rigidez de preferências ou esquecimento de trocas regulares são frequentes.

Planejamento e rotina: dificuldade em organizar o dia, manter hábitos consistentes e lembrar de tarefas básicas de cuidado pessoal.

Motivação e percepção de necessidade: muitos adultos relatam que sabem o que devem fazer, mas simplesmente não conseguem iniciar a tarefa ou manter a regularidade.

Fatores envolvidos

Disfunção executiva: dificuldade em iniciar, planejar e manter sequências de ações.

Questões sensoriais: hipersensibilidade a sons, cheiros, texturas ou temperaturas envolvidas no autocuidado.

Desregulação emocional: momentos de ansiedade, depressão ou burnout afetam diretamente os cuidados pessoais.

Experiências anteriores negativas: histórico de críticas, bullying ou traumas pode gerar aversão a certos hábitos.

O que pode ser feito?

1. Estabeleça rotinas visuais

•Criação de checklists, quadros de tarefas ou lembretes em aplicativos.

•Símbolos ou imagens para cada passo da tarefa.

2. Adapte o ambiente

•Roupas confortáveis e sensorialmente agradáveis.

•Produtos de higiene com odores suaves e aplicadores fáceis.

3. Divida as tarefas em passos

•Ao invés de “tomar banho”, pense em etapas como “ligar o chuveiro”, “molhar o corpo”, “usar o sabonete”, etc.

4. Estimule o autocuidado com reforços positivos

•Reconhecimento de pequenas conquistas ajuda na construção de motivação interna.

5. Use tecnologias como aliadas

•Aplicativos como Tiimo, Todoist ou Routinely ajudam na organização da rotina.

6. Estimule a autonomia com suporte gradual

•Apoie a pessoa a assumir partes da rotina até conseguir fazer sozinha, no seu ritmo.

7. Busque acompanhamento com profissionais

•Terapeutas ocupacionais e psicólogos especializados em TEA podem oferecer suporte individualizado e funcional.

8. Evite julgamentos ou pressões

•Cada adulto tem um ritmo próprio. Pressões sociais por padrões normativos muitas vezes reforçam o bloqueio.

Conclusão

Autocuidado é um aspecto central da vida adulta e, para pessoas com TEA, pode exigir adaptações específicas e muita empatia. Compreender que essas dificuldades não são preguiça ou desinteresse, mas sim reflexo das particularidades neurológicas, é o primeiro passo. Apoiar sem infantilizar, respeitar os limites sensoriais e oferecer estratégias visuais e funcionais pode transformar a rotina e promover qualidade de vida e independência.

Referências bibliográficas

•Attwood, T. (2007). O que é Síndrome de Asperger? São Paulo: M.Books.

•Klin, A., Volkmar, F. R., & Sparrow, S. S. (2000). Autism and Pervasive Developmental Disorders. Cambridge University Press.

•Grandin, T. (2015). O cérebro autista. Valentina.

•Ordem dos Psicólogos do Brasil. (2021). Boas práticas no atendimento a adultos autistas.

•American Occupational Therapy Association (AOTA). (2020). Occupational Therapy’s Role with Autism Spectrum Disorder.

•APA – American Psychiatric Association (2013). DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

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