Terapia Integrativa Sensorial: Impactos no Processamento Sensorial e no Comportamento de Pessoas Autistas

Foto de Yan Krukau

A Terapia Integrativa Sensorial é uma abordagem terapêutica amplamente utilizada para ajudar pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a lidar com dificuldades no processamento sensorial. O objetivo é promover respostas mais organizadas aos estímulos sensoriais, favorecendo o bem-estar, o comportamento e a participação nas atividades diárias. Neste post, explicamos o que é essa terapia, seus efeitos e onde ela é aplicada.

Muitos indivíduos com autismo apresentam desafios em processar estímulos sensoriais de maneira adequada. Sons, luzes, texturas, cheiros e movimentos podem ser percebidos de forma exagerada (hipersensibilidade) ou reduzida (hipossensibilidade), o que afeta a concentração, o comportamento e a interação social. A Terapia Integrativa Sensorial é uma intervenção que busca modular essas respostas e melhorar a qualidade de vida.

Baseada na Teoria da Integração Sensorial desenvolvida por A. Jean Ayres, a abordagem é conduzida por terapeutas ocupacionais especializados e tem ganhado destaque por seus efeitos positivos na autorregulação, no comportamento adaptativo e na funcionalidade do dia a dia.

O Que É a Terapia Integrativa Sensorial?

Trata-se de uma intervenção terapêutica centrada na forma como o sistema nervoso recebe, organiza e responde aos estímulos sensoriais. Envolve o uso intencional e estruturado de estímulos táteis, proprioceptivos, vestibulares, auditivos e visuais para favorecer respostas comportamentais mais apropriadas.

O foco da terapia é ajudar o cérebro a interpretar e integrar essas informações de maneira eficiente, promovendo respostas motoras, emocionais e comportamentais mais organizadas.

Como a Terapia Sensorial Impacta o Comportamento?

Quando o sistema sensorial está desregulado, a pessoa pode apresentar comportamentos como:

  • Crises de choro ou birras frequentes;
  • Evitação de certos ambientes (muito iluminados ou barulhentos);
  • Necessidade constante de movimento;
  • Dificuldade para dormir, comer ou se vestir;
  • Autolesões ou comportamentos repetitivos.

A Terapia Integrativa Sensorial trabalha diretamente nessas questões, buscando:

  • Reduzir a sobrecarga sensorial;
  • Melhorar a atenção e a concentração;
  • Diminuir comportamentos desorganizados ou agressivos;
  • Aumentar a tolerância a estímulos do ambiente;
  • Favorecer a autorregulação emocional e corporal.

Exemplos de Estratégias e Atividades Usadas na Terapia:

  • Balanços e equipamentos de movimento (estímulo vestibular);
  • Brincadeiras de pressão e resistência (estímulo proprioceptivo);
  • Caixa sensorial com diferentes texturas (estímulo tátil);
  • Luzes, sons e cores controladas (ambiente terapêutico planejado);
  • Técnicas de respiração e relaxamento para regulação.

Quem Pode Realizar a Terapia Integrativa Sensorial?

A aplicação deve ser feita por um terapeuta ocupacional especializado em integração sensorial, com formação específica e, preferencialmente, certificação em métodos reconhecidos, como o SIPT (Sensory Integration and Praxis Tests).

Onde a Terapia Pode Ser Realizada?

  • Clínicas de reabilitação neurossensorial;
  • Centros multidisciplinares especializados em TEA;
  • Espaços terapêuticos com salas de integração sensorial (equipadas com materiais adequados);
  • Em alguns casos, orientações são fornecidas para continuidade das atividades em casa, com supervisão profissional.

Quando a Terapia é Indicada?

  • Dificuldade na aceitação de roupas ou alimentos com determinadas texturas;
  • Reações exageradas a sons, toques ou cheiros;
  • Comportamentos motores desorganizados (hiperatividade, impulsividade);
  • Baixa consciência corporal e dificuldades motoras;
  • Dificuldades de foco, atenção e aprendizado;
  • Isolamento ou baixa tolerância a interações sociais.

Resultados Esperados

  • Aumento da autonomia nas atividades diárias;
  • Melhor desempenho escolar e social;
  • Redução de comportamentos desafiadores relacionados à sobrecarga sensorial;
  • Maior adaptação a ambientes variados (escola, casa, consultório);
  • Bem-estar emocional e autorregulação.

Integração com Outras Terapias

A Terapia Integrativa Sensorial pode ser aplicada de forma isolada ou em conjunto com outras abordagens, como ABA, fonoaudiologia e fisioterapia. Essa integração potencializa os resultados e contribui para um desenvolvimento global.

Conclusão

A Terapia Integrativa Sensorial é uma ferramenta poderosa e baseada em evidências para apoiar pessoas autistas que enfrentam desafios sensoriais. Quando aplicada por profissionais qualificados, ela promove melhorias significativas no comportamento, na aprendizagem, na autonomia e na qualidade de vida. O reconhecimento precoce das dificuldades sensoriais e o acesso a um plano terapêutico adequado são fundamentais para transformar a experiência cotidiana da pessoa com TEA.

Referências Bibliográficas

  • AYRES, A. Jean. Sensory Integration and the Child. Western Psychological Services, 2005.
  • MILLER, Lucy Jane. Sensational Kids: Hope and Help for Children with Sensory Processing Disorder. Penguin Books, 2014.
  • AMERICAN OCCUPATIONAL THERAPY ASSOCIATION (AOTA). Understanding Ayres Sensory Integration®.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 2023.
Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest