Educação humanizada e inovação: o equilíbrio que transforma o aprender

Foto Divulgação / Márcia Regina Penhalver

O artigo defende que a educação de qualidade nasce do equilíbrio entre afeto, inovação e conhecimento. A autora destaca que nenhuma tecnologia substitui o vínculo humano, a escuta e a empatia no processo de aprendizagem. Educar, mais do que transmitir conteúdos, é formar pessoas para a vida, unindo desenvolvimento cognitivo e socioemocional.

Desde 1992, compreendi que educar implica afeto articular e conhecimento de forma indissociável. Ao iniciar minha trajetória na Educação Infantil, tornou-se evidente que o processo de aprendizagem se desenvolve plenamente apenas quando a criança percebe segura, acolhida e encorajada a explorar o mundo ao seu redor. Embora o tempo tenha passado, as tecnologias mudaram o cotidiano escolar e as demandas sociais foram modificadas, permanece inalterado aquilo que é essencial: a centralidade do olhar humano no ato educativo.

Ao longo dos anos, constatei que a verdadeira inovação educacional emerge da qualidade das relações humanas. Nenhum recurso tecnológico substitui o poder do afeto, da escuta atenta e da presença genuína do educador. As metodologias podem se reinventar e as plataformas podem evoluir, mas é a conexão emocional que transforma o aprendizado em uma experiência significativa e rigorosa.

Hoje, mais do que nunca, inovar na educação significa buscar o equilíbrio entre emoção e razão, empatia e tecnologia, tradição e futuro. Preparar alunos para o século XXI não se resume a qualificá-los para o mercado de trabalho, mas os orienta para a vida em sua integralidade. A escola precisa constituir-se como um espaço de desenvolvimento global, no qual o conhecimento cognitivo caminha conjuntamente com as habilidades socioemocionais.

Ensinar a ler, escrever e resolver problemas é fundamental; Contudo, também é essencial ensinar a conviver, respeitar e cuidar. A construção de um cidadão crítico envolve o desenvolvimento de competências como a gestão das emoções, a resolução de conflitos, a interação colaborativa e a tomada de decisões responsáveis. Tais habilidades promovem o bem-estar coletivo, fortalecem a empatia e benefícios para uma sociedade mais equilibrada e consciente.

Antes mesmo da disponibilização de materiais específicos para a educação socioemocional nas escolas, eu já implementei práticas pedagógicas específicas ao desenvolvimento dessas competências. Projetos direcionados ao respeito mútuo, à valorização do outro, à promoção da solidariedade na comunidade escolar e à prevenção do bullying foram sistematicamente planejados e executados. Além disso, houve uma articulação intencional entre o projeto de leitura das aulas de Língua Portuguesa e a seleção de títulos paradidáticos que abordavam questões socioemocionais, favorecendo reflexões orientadas e discussões em rodas de conversa. Dessa forma, muito antes da institucionalização de materiais próprios, ações integradas de formação ética, convivência e desenvolvimento socioemocional já foram consolidadas em minha prática pedagógica.

A tecnologia, por sua vez, torna-se uma aliada valiosa quando empregada com propósito e intencionalidade pedagógica. Em minha atuação, busco integrar práticas inovadoras sem perder de vista a essência humanizadora da educação. O desafio permanente consiste em recompensar metodologias, promover a formação continuada de professores e criar ambientes de aprendizagem que estimulem curiosidade, colaboração e autonomia.

Educar, afinal, é um ato de coragem e de amor. É importante que cada aluno carregue um universo de possibilidades e que cabe à escola auxiliá-lo na descoberta de suas potencialidades, orientando-o com sensibilidade e propósito. Quando afeto e inovação se encontram, o aprendizado extrapola conteúdos e transforma vidas e não apenas aprovações.

Acredito profundamente que o futuro da educação reside na harmonização entre conhecimento e emoção. Porque, em última instância, ensinar é um gesto de humanidade e o afeto permanece sendo a tecnologia mais poderosa para promover aprendizagens significativas.

Sobre Márcia Regina Penhalver

Educadora e gestora com mais de 30 anos de experiência na direção escolar, Márcia Regina Penhalver é diretora e mantenedora do Colégio Methodus, em São Paulo. Especialista em gestão educacional, pedagógica pedagógica e formação de professores, atua na integração entre inovação pedagógica e desenvolvimento socioemocional. Iniciou sua trajetória na Educação Infantil e, ao longo dos anos, expandiu sua atuação para os segmentos do Ensino Fundamental e Médio, consolidando uma prática que valoriza o vínculo humano como fundamento do aprendizado e da transformação escolar.

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