Não existe remédio que cure o autismo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento, não uma doença. Neste post, vamos esclarecer por que não há cura para o autismo, os riscos das promessas falsas e a importância de tratamentos com base científica.
Com o aumento da visibilidade do autismo nos últimos anos, muitos pais e cuidadores em busca de soluções para os desafios enfrentados por seus filhos acabam se deparando com promessas de “cura milagrosa”. No entanto, é fundamental entender que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença, mas sim uma condição neurológica que acompanha a pessoa ao longo da vida. Assim, não há cura — e sim formas de intervenção baseadas em evidências que promovem qualidade de vida, autonomia e desenvolvimento.
Autismo não é uma doença
O TEA é classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento e se manifesta de diferentes formas e intensidades. Por isso, o termo “espectro” é utilizado. As características envolvem dificuldades na comunicação e interação social, padrões de comportamento repetitivos e, em alguns casos, sensibilidades sensoriais. Por não ser uma patologia com causa orgânica tratável, não existe um “remédio” que elimine o autismo.
O que os medicamentos realmente fazem?
Alguns medicamentos podem ser indicados por profissionais para o controle de sintomas associados ao autismo, como:
•Irritabilidade severa
•Ansiedade
•Déficit de atenção e hiperatividade
•Distúrbios do sono
•Comportamentos agressivos ou autolesivos
Esses medicamentos não tratam o autismo em si, mas ajudam a melhorar a qualidade de vida da pessoa autista, tornando possível o avanço em outras áreas, como a comunicação, o aprendizado e a autonomia. A prescrição deve ser feita por um médico especialista e o tratamento deve ser continuamente avaliado.
O perigo das falsas promessas de cura
Infelizmente, muitas famílias acabam sendo alvo de desinformação e acabam investindo tempo e dinheiro em terapias, suplementos ou procedimentos sem comprovação científica. Entre as promessas enganosas mais comuns estão:
•Tratamentos com células-tronco
•Dietas milagrosas que prometem cura
•Terapias detox (como o uso de quelação)
•Uso de MMS (dióxido de cloro), altamente perigoso
•Produtos naturais sem regulação e estudos confiáveis
Essas abordagens, além de ineficazes, podem causar danos graves à saúde física e emocional da pessoa autista. A Anvisa, o Conselho Federal de Medicina e entidades internacionais como a OMS alertam para os riscos de terapias não comprovadas.
Como identificar uma intervenção segura e baseada em evidências
Antes de aderir a qualquer terapia, é fundamental verificar se:
•Há respaldo de instituições sérias (SBP, ABP, APA, OMS, etc.)
•O tratamento é indicado por profissionais de saúde qualificados
•Existem publicações científicas que comprovam sua eficácia
•Não há promessa de “cura” ou resultados garantidos
As abordagens mais recomendadas incluem a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Musicoterapia e Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) — sempre adaptadas às necessidades de cada pessoa.
Conclusão
O autismo não tem cura — e isso não significa que não há o que fazer. Muito pelo contrário: com o diagnóstico precoce e intervenções baseadas em evidências, a pessoa autista pode desenvolver habilidades importantes para viver com mais autonomia, bem-estar e inclusão. O papel da família, dos profissionais e da sociedade é garantir que essa jornada seja respeitosa, segura e livre de falsas promessas.
Referências bibliográficas
•Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Diretrizes sobre TEA.
•Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação CID-11.
•American Psychiatric Association. DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
•Anvisa. Alerta sobre terapias não aprovadas.
•Associação Americana de Psicologia (APA). Tratamentos baseados em evidências no TEA.