O Método Denver e a Terapia ABA são abordagens baseadas em evidências amplamente utilizadas na intervenção com crianças autistas. Apesar de ambos derivarem de princípios do comportamento, eles apresentam diferenças importantes em estrutura, aplicação e estilo de ensino. Neste post, comparamos as duas abordagens para ajudar famílias e profissionais a entenderem qual pode ser mais adequada para cada contexto.
Com o crescente número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA), aumenta também a busca por intervenções eficazes. Entre os métodos mais reconhecidos e utilizados mundialmente estão a Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) e o Método Denver (Early Start Denver Model – ESDM). Ambos têm como base o comportamento humano e se destacam por promover ganhos significativos no desenvolvimento de crianças autistas. No entanto, apesar das semelhanças, existem diferenças importantes entre eles que impactam sua aplicação e adequação a diferentes perfis.
Semelhanças entre o Método Denver e a Terapia ABA
- Base Teórica Comum
- Ambas as abordagens são fundamentadas nos princípios da Análise do Comportamento.
- Utilizam reforço positivo para aumentar comportamentos desejáveis e reduzir os indesejáveis.
- Objetivo de Desenvolvimento Global
- Tanto a ABA quanto o ESDM visam promover ganhos na comunicação, habilidades sociais, cognitivas e adaptativas.
- Ambas podem ser adaptadas às necessidades individuais da criança.
- Evidência Científica
- Diversos estudos comprovam a eficácia de ambas as abordagens, especialmente quando iniciadas precocemente.
- São recomendadas por organizações como a American Psychological Association (APA) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
- Importância do Envolvimento Familiar
- O envolvimento de pais e cuidadores é fundamental nas duas metodologias.
- A participação ativa da família potencializa os resultados da intervenção.
Diferenças entre o Método Denver e a Terapia ABA
Aspecto | Método Denver (ESDM) | Terapia ABA Tradicional |
---|---|---|
Faixa Etária Principal | 12 a 48 meses | Todas as idades (infância à idade adulta) |
Estilo de Ensino | Naturalístico, baseado no jogo | Estruturado, com sessões dirigidas |
Formato da Sessão | Aprendizado incorporado em interações cotidianas | Sessões organizadas em tentativas discretas (DTT) |
Envolvimento Emocional | Ênfase em vínculo, afeto e responsividade social | Foco no comportamento observável |
Ambiente de Aplicação | Casa, escola, clínica (contextos naturais) | Clínica, escola, casa (em geral mais estruturado) |
Formação do Terapeuta | Profissional treinado especificamente no ESDM | Analista do comportamento e técnicos ABA |
Flexibilidade da Intervenção | Alta, com foco em interesses da criança | Pode variar; geralmente mais diretivo |
Comunicação | Encoraja comunicação espontânea | Trabalha comunicação por meio de ensino estruturado |
Quando Escolher o Método Denver ou ABA?
- Método Denver:
- Ideal para crianças muito pequenas (até 4 anos).
- Indicado para famílias que buscam uma abordagem natural, lúdica e centrada na interação social.
- Enfatiza o desenvolvimento da comunicação espontânea e do vínculo afetivo.
- Terapia ABA:
- Indicada para crianças, adolescentes e adultos com TEA, com diferentes níveis de suporte.
- Ideal para intervenções mais estruturadas e para trabalhar habilidades acadêmicas, funcionais e comportamentos desafiadores.
- Útil em contextos que exigem maior controle de variáveis ambientais e análise de dados.
É Possível Combinar as Duas Abordagens?
Sim. Muitos profissionais integram elementos do Método Denver e da ABA em programas personalizados, respeitando as características individuais da criança e os objetivos da intervenção. A combinação pode potencializar os resultados, desde que aplicada por profissionais capacitados e supervisionados.
Conclusão
Tanto o Método Denver quanto a Terapia ABA são ferramentas valiosas no desenvolvimento de crianças com autismo. A escolha entre uma ou outra depende de fatores como idade da criança, perfil comportamental, objetivos terapêuticos e preferência familiar. O mais importante é que a intervenção seja baseada em evidências, individualizada e conduzida por profissionais qualificados. O conhecimento das semelhanças e diferenças entre as abordagens permite decisões mais conscientes e eficazes.
Referências Bibliográficas
- DAWSON, G.; ROGERS, S. J. Early Start Denver Model for Young Children with Autism: Promoting Language, Learning, and Engagement. Guilford Press, 2010.
- COOPER, J. O.; HERON, T. E.; HEWARD, W. L. Applied Behavior Analysis. Pearson, 2020.
- AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Evidence-Based Practice in Psychology.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
- CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Autism Spectrum Disorder: Treatment and Therapies.