Método Denver e Terapia ABA: Semelhanças e Diferenças

O Método Denver e a Terapia ABA são abordagens baseadas em evidências amplamente utilizadas na intervenção com crianças autistas. Apesar de ambos derivarem de princípios do comportamento, eles apresentam diferenças importantes em estrutura, aplicação e estilo de ensino. Neste post, comparamos as duas abordagens para ajudar famílias e profissionais a entenderem qual pode ser mais adequada para cada contexto.

Com o crescente número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA), aumenta também a busca por intervenções eficazes. Entre os métodos mais reconhecidos e utilizados mundialmente estão a Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) e o Método Denver (Early Start Denver Model – ESDM). Ambos têm como base o comportamento humano e se destacam por promover ganhos significativos no desenvolvimento de crianças autistas. No entanto, apesar das semelhanças, existem diferenças importantes entre eles que impactam sua aplicação e adequação a diferentes perfis.

Semelhanças entre o Método Denver e a Terapia ABA

  1. Base Teórica Comum
    • Ambas as abordagens são fundamentadas nos princípios da Análise do Comportamento.
    • Utilizam reforço positivo para aumentar comportamentos desejáveis e reduzir os indesejáveis.
  2. Objetivo de Desenvolvimento Global
    • Tanto a ABA quanto o ESDM visam promover ganhos na comunicação, habilidades sociais, cognitivas e adaptativas.
    • Ambas podem ser adaptadas às necessidades individuais da criança.
  3. Evidência Científica
    • Diversos estudos comprovam a eficácia de ambas as abordagens, especialmente quando iniciadas precocemente.
    • São recomendadas por organizações como a American Psychological Association (APA) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
  4. Importância do Envolvimento Familiar
    • O envolvimento de pais e cuidadores é fundamental nas duas metodologias.
    • A participação ativa da família potencializa os resultados da intervenção.

Diferenças entre o Método Denver e a Terapia ABA

Aspecto Método Denver (ESDM) Terapia ABA Tradicional
Faixa Etária Principal 12 a 48 meses Todas as idades (infância à idade adulta)
Estilo de Ensino Naturalístico, baseado no jogo Estruturado, com sessões dirigidas
Formato da Sessão Aprendizado incorporado em interações cotidianas Sessões organizadas em tentativas discretas (DTT)
Envolvimento Emocional Ênfase em vínculo, afeto e responsividade social Foco no comportamento observável
Ambiente de Aplicação Casa, escola, clínica (contextos naturais) Clínica, escola, casa (em geral mais estruturado)
Formação do Terapeuta Profissional treinado especificamente no ESDM Analista do comportamento e técnicos ABA
Flexibilidade da Intervenção Alta, com foco em interesses da criança Pode variar; geralmente mais diretivo
Comunicação Encoraja comunicação espontânea Trabalha comunicação por meio de ensino estruturado

Quando Escolher o Método Denver ou ABA?

  • Método Denver:
    • Ideal para crianças muito pequenas (até 4 anos).
    • Indicado para famílias que buscam uma abordagem natural, lúdica e centrada na interação social.
    • Enfatiza o desenvolvimento da comunicação espontânea e do vínculo afetivo.
  • Terapia ABA:
    • Indicada para crianças, adolescentes e adultos com TEA, com diferentes níveis de suporte.
    • Ideal para intervenções mais estruturadas e para trabalhar habilidades acadêmicas, funcionais e comportamentos desafiadores.
    • Útil em contextos que exigem maior controle de variáveis ambientais e análise de dados.

É Possível Combinar as Duas Abordagens?

Sim. Muitos profissionais integram elementos do Método Denver e da ABA em programas personalizados, respeitando as características individuais da criança e os objetivos da intervenção. A combinação pode potencializar os resultados, desde que aplicada por profissionais capacitados e supervisionados.

Conclusão

Tanto o Método Denver quanto a Terapia ABA são ferramentas valiosas no desenvolvimento de crianças com autismo. A escolha entre uma ou outra depende de fatores como idade da criança, perfil comportamental, objetivos terapêuticos e preferência familiar. O mais importante é que a intervenção seja baseada em evidências, individualizada e conduzida por profissionais qualificados. O conhecimento das semelhanças e diferenças entre as abordagens permite decisões mais conscientes e eficazes.

Referências Bibliográficas

  • DAWSON, G.; ROGERS, S. J. Early Start Denver Model for Young Children with Autism: Promoting Language, Learning, and Engagement. Guilford Press, 2010.
  • COOPER, J. O.; HERON, T. E.; HEWARD, W. L. Applied Behavior Analysis. Pearson, 2020.
  • AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Evidence-Based Practice in Psychology.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
  • CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Autism Spectrum Disorder: Treatment and Therapies.
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