Musicoterapia no Autismo: Benefícios, Indicações e Resultados Esperados

Foto de Ksenia Chernaya

A musicoterapia tem se mostrado uma abordagem terapêutica eficaz para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), promovendo desenvolvimento emocional, social e comunicativo. Este post explora como essa terapia funciona, suas principais indicações no TEA, seus benefícios e os resultados que podem ser esperados.

O Transtorno do Espectro Autista é caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e padrões de comportamento repetitivos. Dentro do leque de intervenções terapêuticas possíveis, a musicoterapia tem ganhado destaque por sua capacidade de acessar áreas do cérebro por meio de estímulos sonoros e promover respostas positivas em aspectos cognitivos, sensoriais e emocionais.

A música, como linguagem universal, facilita a expressão de emoções, mesmo quando a comunicação verbal é limitada. No caso do TEA, isso se torna especialmente relevante, pois muitos autistas encontram na música uma forma de conexão com o mundo e com os outros.

O que é Musicoterapia?

Musicoterapia é uma prática clínica reconhecida que utiliza elementos musicais — como ritmo, melodia, harmonia e som — de forma planejada e orientada por um musicoterapeuta profissional para alcançar objetivos terapêuticos específicos. Pode ser aplicada de forma individual ou em grupo, e as sessões são personalizadas de acordo com as necessidades e habilidades de cada indivíduo.

Principais Indicações da Musicoterapia no TEA

A musicoterapia pode ser indicada para pessoas com TEA de diferentes idades e níveis de suporte. As principais indicações incluem:

  • Estimulação da comunicação verbal e não verbal;
  • Promoção da interação social e do contato visual;
  • Redução da ansiedade e comportamentos repetitivos;
  • Organização sensorial e motora;
  • Aumento da atenção e concentração;
  • Expressão emocional e autorregulação.

Por Que a Musicoterapia Pode Ser Importante?

  1. Acessibilidade: a música é um estímulo sensorial que não exige linguagem verbal, tornando-se acessível a crianças não verbais ou com dificuldades de linguagem.
  2. Engajamento natural: muitas crianças autistas demonstram interesse por sons e músicas. Isso favorece a motivação e o engajamento durante as sessões.
  3. Integração sensorial: trabalhar com ritmos e vibrações ajuda na regulação do sistema sensorial, beneficiando especialmente os autistas com hipersensibilidade ou hipoatividade sensorial.
  4. Relação terapêutica: o musicoterapeuta estabelece uma relação de confiança por meio da música, favorecendo vínculos e promovendo a segurança emocional.
  5. Generalização de habilidades: habilidades desenvolvidas na musicoterapia (como imitação, turnos e atenção conjunta) podem ser generalizadas para outros ambientes e contextos sociais.

Resultados Esperados

Embora os resultados variem conforme o perfil de cada criança, os efeitos mais observados incluem:

  • Melhora na comunicação espontânea (vocalizações, gestos ou palavras);
  • Aumento do tempo de atenção e permanência em atividade;
  • Redução de comportamentos de fuga ou crise durante atividades estruturadas;
  • Aumento da participação em atividades sociais, inclusive com outras crianças;
  • Aumento da autoestima e da autonomia.

Estudos recentes, como os publicados pela American Music Therapy Association (AMTA) e revisões sistemáticas em periódicos de neuropsicologia e psiquiatria infantil, confirmam a eficácia da musicoterapia como parte de programas de intervenção precoce em autistas.

Como é uma Sessão de Musicoterapia?

Cada sessão é estruturada com base em objetivos terapêuticos definidos após avaliação do paciente. As atividades podem incluir:

  • Cantar ou tocar instrumentos;
  • Compor músicas juntos;
  • Atividades com movimento e dança;
  • Repetição de padrões rítmicos;
  • Estímulos para imitação e turnos;
  • Relaxamento guiado com música.

Os instrumentos mais comuns utilizados são tambores, xilofones, pandeiros, teclado e instrumentos de sopro simples. O ambiente é acolhedor, adaptado às necessidades sensoriais da criança.

Conclusão

A musicoterapia é uma ferramenta poderosa no processo terapêutico de crianças com TEA. Sua natureza lúdica, sensorial e emocional permite alcançar resultados importantes em comunicação, comportamento e desenvolvimento social. Como parte de uma intervenção multidisciplinar, pode complementar outras terapias e promover avanços significativos no cotidiano da criança autista.

Investir em terapias baseadas em evidências, como a musicoterapia, é essencial para garantir que cada criança receba apoio personalizado e eficaz, respeitando suas particularidades e potencializando suas capacidades.

Referências Bibliográficas

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 2023.
  • American Music Therapy Association (AMTA). Music Therapy and Autism Spectrum Disorder. 2021.
  • GERETSKI, L. et al. Effects of music therapy on social skills and behavior in children with autism spectrum disorder: A meta-analysis. Journal of Autism and Developmental Disorders, 2022.
  • Gold, C., Wigram, T., & Elefant, C. (2006). Music therapy for autistic spectrum disorder. Cochrane Database of Systematic Reviews.
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