Suplementação e abordagens complementares no autismo

Foto de Nataliya Vaitkevich

A suplementação nutricional e outras abordagens complementares têm ganhado espaço no manejo do autismo. Elas não substituem terapias tradicionais, mas podem contribuir positivamente para aspectos como sono, atenção, humor e comportamento. É fundamental que sejam sempre acompanhadas por profissionais qualificados.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa que afeta o desenvolvimento neurológico, impactando áreas como comunicação, comportamento e interação social. Para além das intervenções tradicionais — como terapias comportamentais, fonoaudiologia e terapia ocupacional — cresce o interesse por tratamentos complementares e suplementações que possam auxiliar no manejo de alguns sintomas associados ao autismo.

Neste post, vamos explorar o que são essas abordagens, como funcionam, quais são os principais suplementos utilizados, os possíveis benefícios e, principalmente, os cuidados necessários antes de iniciar qualquer intervenção.

O que são abordagens complementares?

As abordagens complementares são estratégias de cuidado que podem ser usadas em conjunto com terapias tradicionais. No contexto do autismo, incluem:

•Suplementação de vitaminas, minerais e ácidos graxos;

•Terapias integrativas (como musicoterapia, acupuntura, aromaterapia);

•Dietas especiais;

•Tratamentos naturopáticos.

Importante: essas abordagens não substituem as terapias comprovadamente eficazes, mas podem ter efeitos coadjuvantes e contribuir para o bem-estar geral da pessoa autista.

Principais suplementos utilizados no TEA

Diversos estudos têm avaliado o uso de suplementos nutricionais em autistas, especialmente com foco em aliviar sintomas como irritabilidade, distúrbios do sono, dificuldades de concentração e hiperatividade. Os mais utilizados são:

Ômega-3 (EPA/DHA): ácidos graxos essenciais que podem ajudar na função cognitiva, atenção e regulação do humor.

Vitamina B6 com Magnésio: associados à melhora da comunicação e redução de comportamentos estereotipados em alguns casos.

Vitamina D: baixos níveis têm sido observados em autistas; sua reposição pode contribuir para melhora imunológica e comportamental.

Probióticos: promovem a saúde intestinal, o que pode impactar positivamente o comportamento por meio do eixo intestino-cérebro.

Zinco e ferro: minerais fundamentais para o desenvolvimento neurológico, especialmente quando há deficiência comprovada.

Benefícios potenciais

Apesar de não haver consenso científico sobre os efeitos universais da suplementação em pessoas com TEA, estudos preliminares e relatos clínicos indicam benefícios em algumas situações:

•Melhora na qualidade do sono;

•Redução de sintomas gastrointestinais;

•Aumento da atenção e foco;

•Estabilização do humor;

•Redução de comportamentos repetitivos e irritabilidade.

Cada organismo é único, e os efeitos podem variar de pessoa para pessoa. Por isso, o acompanhamento profissional é imprescindível.

Cuidados e orientações importantes

Antes de iniciar qualquer tipo de suplementação ou abordagem alternativa, alguns cuidados são essenciais:

Acompanhamento com profissionais qualificados: o uso de suplementos deve ser orientado por médicos, nutricionistas ou nutrólogos com experiência em TEA.

Exames laboratoriais: servem para detectar deficiências reais de vitaminas e minerais, evitando suplementações desnecessárias ou perigosas.

Evitar automedicação ou “receitas da internet”: algumas substâncias, se usadas sem controle, podem causar intoxicação, efeitos adversos ou interações medicamentosas.

Avaliação individualizada: o que funciona para uma criança pode não funcionar para outra.

Monitoramento constante: qualquer mudança de comportamento, sintoma novo ou alteração no sono e apetite deve ser comunicada ao profissional responsável.

A importância de uma abordagem integrativa

O uso de suplementos e terapias complementares deve sempre fazer parte de um plano terapêutico mais amplo e coordenado. Uma abordagem integrativa respeita as particularidades do autista, seus sintomas e necessidades específicas, sem prometer “cura” ou milagres.

Conclusão

A suplementação e as abordagens complementares podem ser aliadas importantes no cuidado ao autista, desde que utilizadas com responsabilidade e base científica. Elas não substituem tratamentos convencionais, mas podem potencializá-los e contribuir para uma melhora global na qualidade de vida.

Famílias, cuidadores e profissionais devem caminhar juntos na busca de soluções personalizadas e eficazes, com segurança, ética e carinho.

Referências Bibliográficas

  • Rossignol DA. “Evidence-based treatments for children with autism.” Pediatrics. 2012.
  • Adams JB et al. “Effect of a vitamin/mineral supplement on children with autism.” BMC Pediatrics. 2011.
  • Frye RE, Slattery JC. “Clinical potential, safety, and tolerability of arbaclofen in autism spectrum disorder.” Neuropsychiatric Disease and Treatment, 2016.
  • Ministério da Saúde – Brasil. Cadernos de Atenção Básica – Saúde da Pessoa com Deficiência.
  • American Academy of Pediatrics. “Nutritional interventions for children with autism spectrum disorders.”
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