As terapias complementares vêm ganhando destaque como estratégias de apoio no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Neste post, exploramos exemplos dessas práticas, como podem beneficiar pessoas autistas, e se estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) ou cobertas por planos de saúde no Brasil.
O tratamento do autismo é tradicionalmente multidisciplinar, envolvendo terapias como ABA, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia. No entanto, muitas famílias buscam também terapias complementares como forma de potencializar o bem-estar e promover qualidade de vida. Embora não substituam intervenções baseadas em evidências, essas abordagens podem ser aliadas importantes no processo terapêutico, quando bem orientadas.
Mas o que são terapias complementares? Elas são acessíveis? Funcionam para todos os autistas? Este post reúne informações baseadas em fontes confiáveis e atualizadas para esclarecer essas questões.
O Que São Terapias Complementares?
As terapias complementares são práticas que atuam como apoio ao tratamento convencional. Elas envolvem abordagens integrativas que visam o equilíbrio físico, emocional, sensorial e energético, respeitando o indivíduo como um todo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas práticas podem ser integradas à atenção à saúde, desde que respaldadas por evidências científicas e ética profissional.
Exemplos de Terapias Complementares Utilizadas no Autismo
- Musicoterapia
- Utiliza sons, músicas e ritmos como ferramentas para estimular a comunicação, expressão emocional e socialização.
- Indicada para crianças verbais e não verbais.
- Terapia Assistida por Animais (TAA)
- Intervenções com cães, cavalos (equinoterapia) e outros animais promovem empatia, autocontrole, coordenação e motivação.
- Ajuda na redução da ansiedade e melhora do vínculo afetivo.
- Arteterapia
- Uso de recursos artísticos como desenho, pintura, modelagem para favorecer a expressão emocional e sensorial.
- Trabalha habilidades cognitivas e sociais de forma lúdica.
- Yoga e Meditação Adaptadas
- Técnicas de respiração, posturas e relaxamento ajudam na regulação emocional, atenção e consciência corporal.
- Importante respeitar o perfil sensorial do autista.
- Aromaterapia
- Uso de óleos essenciais para estimular ou acalmar, dependendo da sensibilidade sensorial.
- Deve ser sempre orientada por profissional qualificado, com cuidado redobrado em crianças sensíveis a cheiros.
- Reiki e Terapias Energéticas
- Apesar da ausência de evidências robustas, algumas famílias relatam melhora no relaxamento e na qualidade do sono.
- Consideradas terapias de suporte, sem substituição de abordagens clínicas.
- Acupuntura
- Técnica da medicina tradicional chinesa que pode auxiliar na regulação emocional e sono.
- Requer avaliação individualizada.
Benefícios Potenciais das Terapias Complementares no Autismo
- Promoção do bem-estar físico e emocional;
- Estímulo sensorial de forma controlada;
- Redução da ansiedade e estresse;
- Aumento da motivação e do engajamento nas terapias convencionais;
- Fortalecimento da autoestima e autonomia.
É Importante Ressaltar Que:
- Nenhuma terapia complementar substitui as intervenções principais (como ABA, fonoaudiologia e TO);
- A escolha da terapia deve considerar o perfil sensorial, cognitivo e emocional do indivíduo;
- A supervisão de um profissional da saúde é indispensável.
Terapias Complementares no SUS
O SUS oferece algumas terapias complementares por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), como:
- Acupuntura
- Arteterapia
- Meditação
- Reiki
- Yoga
- Terapia comunitária integrativa
- Fitoterapia
Essas práticas estão disponíveis em unidades de atenção básica e centros de reabilitação em diversas cidades. O acesso varia conforme a disponibilidade local e capacitação das equipes.
Cobertura pelos Planos de Saúde
A cobertura das terapias complementares por convênios médicos ainda é limitada. Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), não há obrigatoriedade de cobertura para todas essas práticas.
Porém, alguns planos de saúde podem oferecer reembolso ou cobertura parcial para terapias como:
- Musicoterapia
- Equoterapia (em alguns casos, com indicação médica)
- Acupuntura
É necessário consultar o contrato e as cláusulas específicas do plano de saúde.
Conclusão
As terapias complementares são recursos valiosos no cuidado integral de pessoas autistas, desde que utilizadas de forma consciente, responsável e integrada ao plano terapêutico principal. Elas podem contribuir significativamente para o bem-estar, a regulação emocional e o engajamento em outras terapias. O acesso por meio do SUS e convênios ainda é desigual, mas está em expansão conforme o reconhecimento da importância da saúde integrativa.
Referências Bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC. 2022.
- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Traditional and Complementary Medicine in Health Systems. 2019.
- FERREIRA, L. M.; RODRIGUES, F. C. Terapias Complementares e Autismo: Uma Revisão Integrativa. Revista Saúde e Pesquisa, 2020.
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MUSICOTERAPIA. Diretrizes de Atuação Clínica em Autismo. 2021.