Terapias Complementares no Autismo: Exemplos, Benefícios e Acesso pelo SUS e Convênios

Imagem de Prashant Sharma

As terapias complementares vêm ganhando destaque como estratégias de apoio no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Neste post, exploramos exemplos dessas práticas, como podem beneficiar pessoas autistas, e se estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) ou cobertas por planos de saúde no Brasil.

O tratamento do autismo é tradicionalmente multidisciplinar, envolvendo terapias como ABA, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia. No entanto, muitas famílias buscam também terapias complementares como forma de potencializar o bem-estar e promover qualidade de vida. Embora não substituam intervenções baseadas em evidências, essas abordagens podem ser aliadas importantes no processo terapêutico, quando bem orientadas.

Mas o que são terapias complementares? Elas são acessíveis? Funcionam para todos os autistas? Este post reúne informações baseadas em fontes confiáveis e atualizadas para esclarecer essas questões.

O Que São Terapias Complementares?

As terapias complementares são práticas que atuam como apoio ao tratamento convencional. Elas envolvem abordagens integrativas que visam o equilíbrio físico, emocional, sensorial e energético, respeitando o indivíduo como um todo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas práticas podem ser integradas à atenção à saúde, desde que respaldadas por evidências científicas e ética profissional.

Exemplos de Terapias Complementares Utilizadas no Autismo

  1. Musicoterapia
    • Utiliza sons, músicas e ritmos como ferramentas para estimular a comunicação, expressão emocional e socialização.
    • Indicada para crianças verbais e não verbais.
  2. Terapia Assistida por Animais (TAA)
    • Intervenções com cães, cavalos (equinoterapia) e outros animais promovem empatia, autocontrole, coordenação e motivação.
    • Ajuda na redução da ansiedade e melhora do vínculo afetivo.
  3. Arteterapia
    • Uso de recursos artísticos como desenho, pintura, modelagem para favorecer a expressão emocional e sensorial.
    • Trabalha habilidades cognitivas e sociais de forma lúdica.
  4. Yoga e Meditação Adaptadas
    • Técnicas de respiração, posturas e relaxamento ajudam na regulação emocional, atenção e consciência corporal.
    • Importante respeitar o perfil sensorial do autista.
  5. Aromaterapia
    • Uso de óleos essenciais para estimular ou acalmar, dependendo da sensibilidade sensorial.
    • Deve ser sempre orientada por profissional qualificado, com cuidado redobrado em crianças sensíveis a cheiros.
  6. Reiki e Terapias Energéticas
    • Apesar da ausência de evidências robustas, algumas famílias relatam melhora no relaxamento e na qualidade do sono.
    • Consideradas terapias de suporte, sem substituição de abordagens clínicas.
  7. Acupuntura
    • Técnica da medicina tradicional chinesa que pode auxiliar na regulação emocional e sono.
    • Requer avaliação individualizada.

Benefícios Potenciais das Terapias Complementares no Autismo

  • Promoção do bem-estar físico e emocional;
  • Estímulo sensorial de forma controlada;
  • Redução da ansiedade e estresse;
  • Aumento da motivação e do engajamento nas terapias convencionais;
  • Fortalecimento da autoestima e autonomia.

É Importante Ressaltar Que:

  • Nenhuma terapia complementar substitui as intervenções principais (como ABA, fonoaudiologia e TO);
  • A escolha da terapia deve considerar o perfil sensorial, cognitivo e emocional do indivíduo;
  • A supervisão de um profissional da saúde é indispensável.

Terapias Complementares no SUS

O SUS oferece algumas terapias complementares por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), como:

  • Acupuntura
  • Arteterapia
  • Meditação
  • Reiki
  • Yoga
  • Terapia comunitária integrativa
  • Fitoterapia

Essas práticas estão disponíveis em unidades de atenção básica e centros de reabilitação em diversas cidades. O acesso varia conforme a disponibilidade local e capacitação das equipes.

Cobertura pelos Planos de Saúde

A cobertura das terapias complementares por convênios médicos ainda é limitada. Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), não há obrigatoriedade de cobertura para todas essas práticas.

Porém, alguns planos de saúde podem oferecer reembolso ou cobertura parcial para terapias como:

  • Musicoterapia
  • Equoterapia (em alguns casos, com indicação médica)
  • Acupuntura

É necessário consultar o contrato e as cláusulas específicas do plano de saúde.

Conclusão

As terapias complementares são recursos valiosos no cuidado integral de pessoas autistas, desde que utilizadas de forma consciente, responsável e integrada ao plano terapêutico principal. Elas podem contribuir significativamente para o bem-estar, a regulação emocional e o engajamento em outras terapias. O acesso por meio do SUS e convênios ainda é desigual, mas está em expansão conforme o reconhecimento da importância da saúde integrativa.

Referências Bibliográficas

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC. 2022.
  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Traditional and Complementary Medicine in Health Systems. 2019.
  • FERREIRA, L. M.; RODRIGUES, F. C. Terapias Complementares e Autismo: Uma Revisão Integrativa. Revista Saúde e Pesquisa, 2020.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MUSICOTERAPIA. Diretrizes de Atuação Clínica em Autismo. 2021.
Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Talvez você curta: