10 dicas práticas para lidar com a ansiedade no dia a dia

A ansiedade é uma comorbidade comum no autismo e pode afetar a rotina de forma significativa. Neste post, listamos 10 dicas práticas, baseadas em evidências, para ajudar crianças, adolescentes e adultos autistas a lidar melhor com a ansiedade no dia a dia.

A ansiedade no autismo é um desafio frequente e pode afetar desde atividades simples até momentos importantes da vida cotidiana. Situações imprevisíveis, ambientes sensoriais desafiadores ou pressões sociais são apenas alguns dos fatores que podem desencadear crises de ansiedade em pessoas autistas.

Embora o acompanhamento terapêutico seja essencial, existem estratégias práticas que podem ser aplicadas diariamente — em casa, na escola, no trabalho ou em qualquer ambiente. Neste post, você vai encontrar 10 dicas validadas por profissionais e respaldadas pela literatura científica para lidar com a ansiedade de maneira acessível e eficaz.

1. Crie uma rotina visual estruturada

Pessoas autistas geralmente se sentem mais seguras com previsibilidade. Criar uma rotina estruturada, com apoio visual como quadros, agendas ou aplicativos, ajuda a reduzir a ansiedade antecipatória.

Dica extra: Utilize cores ou ícones para destacar atividades favoritas e momentos de pausa.

2. Use técnicas de respiração guiada

Respirações profundas e conscientes ajudam a reduzir a ativação do sistema nervoso simpático, diminuindo o estado de alerta constante. Técnicas simples como a “respiração 4-7-8” ou “respiração quadrada” podem ser ensinadas com recursos visuais ou sonoros.

3. Crie um espaço de regulação sensorial

Um local calmo e seguro, com estímulos controlados (luz suave, sons agradáveis ou abafadores, objetos táteis), pode ser um excelente refúgio para momentos de sobrecarga emocional.

Exemplo: caixas sensoriais, fones de ouvido com cancelamento de ruído ou mantas de peso.

4. Use timers ou contadores visuais

Quando o tempo é um fator de ansiedade (ex: “quanto tempo vai durar isso?”), o uso de temporizadores visuais ou aplicativos com contagem regressiva pode ajudar na previsibilidade e controle da situação.

5. Desenvolva um kit de emergência emocional

Monte um kit portátil com itens que ajudam na autorregulação emocional, como objetos sensoriais, chicletes, óleos essenciais suaves, cartões com frases de apoio ou lembretes visuais.

Importante: cada kit deve ser personalizado conforme os interesses e sensibilidades da pessoa autista.

6. Ensine scripts sociais

Os scripts sociais são roteiros que ajudam a antecipar e ensaiar comportamentos em determinadas situações (ex: ir a uma consulta médica, pedir ajuda, recusar algo educadamente). Isso reduz o medo do desconhecido e aumenta a sensação de preparo.

7. Respeite os interesses restritos como ferramenta de regulação

Interesses específicos e intensos, muitas vezes vistos como “obsessivos”, podem ser fontes valiosas de prazer, foco e conforto emocional. Respeitá-los e integrá-los à rotina é uma forma prática de reduzir o estresse.

8. Pratique pausas programadas

Incorporar pausas estruturadas durante o dia evita sobrecargas e ajuda a manter o nível de energia estável. Isso é válido para atividades escolares, profissionais e domésticas.

Dica: programe essas pausas antes de momentos que costumam gerar mais ansiedade.

9. Use aplicativos e ferramentas digitais

Existem diversos apps voltados para regulação emocional, autoconhecimento e redução da ansiedade, como Calm, Headspace, Breathe2Relax e apps específicos para autistas como “Routine Factory” ou “Miracle Modus”.

10. Valide os sentimentos sem tentar “corrigir”

Quando a pessoa autista expressar ansiedade, evite minimizar ou invalidar o sentimento (“não precisa se preocupar com isso”). Em vez disso, valide: “Eu vejo que isso está te deixando nervoso. Vamos pensar em algo que pode ajudar agora?”.

A validação emocional fortalece a segurança psicológica e favorece o autoconhecimento.

Conclusão

Lidar com a ansiedade no autismo exige mais do que paciência — requer compreensão, estratégias personalizadas e respeito à neurodiversidade. As dicas práticas apresentadas aqui não substituem acompanhamento clínico, mas oferecem caminhos acessíveis para o dia a dia, tanto para autistas quanto para familiares, cuidadores e educadores.

O importante é lembrar: com apoio certo, é possível viver com menos ansiedade e mais autonomia.

Referências bibliográficas

  • Hume, K., Boyd, B., Hamm, J., & Kucharczyk, S. (2009). Supporting Independence in Autism Spectrum Disorders. Autism Research and Practice.

  • Garland, E. L., Geschwind, N., Peeters, F., & Wichers, M. (2015). Mindfulness training promotes upward spirals of positive affect and cognition. Cognitive Therapy and Research.

  • Schaaf, R. C., Benevides, T. W., Kelly, D., & Mailloux, Z. (2014). Occupational therapy and sensory integration for children with autism: A feasibility study. Occupational Therapy International.

  • Koenig, K. P., Buckley-Reen, A., & Garg, S. (2009). Efficacy of sensory and motor interventions for children with autism. Journal of Autism and Developmental Disorders.

  • Attwood, T. (2007). The Complete Guide to Asperger’s Syndrome. Jessica Kingsley Publishers.

  • Gray, C. (2000). The New Social Story Book. Future Horizons.

  • Grove, R., Hoekstra, R. A., Wierda, M., & Begeer, S. (2018). Special interests and subjective well-being in autistic adults. Autism in Adulthood.

  • Davidson, J., & Henderson, V. L. (2010). ‘Coming out’ on the spectrum: Autism, identity and disclosure. Autism: The International Journal of Research and Practice.

  • Fletcher-Watson, S., & Durkin, K. (2016). Using technology to support social communication in autism spectrum disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders.

  • Greene, R. (2016). The Explosive Child. HarperCollins.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Talvez você curta: